sábado, 12 de julho de 2014

Artigo sobre genealogia - EM BUSCA DA PRÓPRIA HISTÓRIA

Esse é um artigo sobre genealogia de minha autoria que foi publicado no jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul (RS), no dia 30/06/2014.


Em busca da própria história

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Três questionamentos que pontuam nosso presente, passado e futuro, respectivamente. O que acontece ou o que vai acontecer depende dos frutos gerados pela planta que cada um semeou, aliado à força de vontade com que cada um coloca na busca por seus objetivos. Mas e o que já aconteceu? Como chegamos até esse momento? Por que estamos aqui?
O ramo da ciência que estuda a história familiar é a genealogia. Em sua definição mais abrangente, é chamada de “estudo do parentesco”, onde procura mostrar a origem, evolução e disseminação de uma determinada família. Construir uma árvore genealógica é um passatempo para muita gente, sendo que o sucesso do trabalho de pesquisa depende muito do empenho do pesquisador, pois muitos são os obstáculos, dentre eles a falta de informações dos próprios familiares, seja por esquecimento ou má vontade, registros mal preservados, etc.
Como toda pesquisa, é necessário usar um bordão simples e redundante: começar pelo começo. Não adianta iniciar o trabalho querendo encontrar um ancestral que viveu há 300 anos sendo que você não sabe o nome dos seus avôs. O primeiro passo é consultar os familiares, principalmente os mais velhos, pois eles pertencem a uma época em que a palavra família era muito mais valorizada do que hoje em dia. Apesar de terem mais familiares do que os jovens atuais, pois a média de filhos antigamente era, no mínimo, o dobro, eles parecem ter uma memória mais afiada. Comprovei isso, pois muitos idosos me passaram uma grande quantidade de nomes de tios e primos com seus respectivos cônjuges, sendo que os jovens que entrevistei sequer sabiam a data de nascimento dos próprios pais.
Apesar de macabro para muitos, a visita a cemitérios é essencial, pois fornece de uma só vez a data de nascimento e falecimento, bem como uma fotografia da pessoa, na maioria dos casos. Se for um imigrante, pode ter a sorte de ver a cidade natal gravada na lápide.
Outra parte fundamental da pesquisa genealógica é a consulta a registros de igreja e de cartório. Nunca utilizei desse último, mas os registros de igreja já me forneceram inúmeros dados. E não posso deixar de citar a internet, seja para procurar familiares ou informações valiosíssimas em sites especializados.
Em menos de dois anos, descobri os nomes e os dados de quase oitocentos antepassados (avôs, bisavôs, trisavôs, tetravôs, etc.), das mais diversas ramificações da minha família, sendo que três deles pertencem à décima quarta geração antes da minha, nascidos no final do século XV ou início do século XVI. São mais de seiscentos registros de batismo, casamento e óbito, sendo 95% oriundos da antiga região da Boêmia, que pertenceu, entre outros, ao Império Sacro Romano-Germânico, Império Austríaco e Império Austro-Húngaro e, atualmente, compõe o norte da República Tcheca.
O prazer de poder descobrir um nome, uma data ou uma cidade de um ancestral é indescritível, destinado apenas àqueles que realmente se empenham na procura por suas origens. Quem não valoriza o passado é por que não tem nada de bom para lembrar. Se estamos aqui hoje é por que nossos antepassados se empenharam em cuidar das famílias, dando condições para que as linhagens seguintes pudessem manter as tradições. No caso dos europeus, a valorização deve ser maior ainda, pois tiveram a coragem de cruzar o oceano com destino a um lugar desconhecido, sem saber o que os aguardava, tendo que, na maioria das vezes, abandonar um condição de vida que, a princípio, era melhor em sua terra natal.


Nenhum comentário:

Postar um comentário