Esse é um artigo sobre genealogia de minha autoria que foi publicado no jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul (RS), no dia 30/06/2014.
Em busca da
própria história
Quem somos?
De onde viemos? Para onde vamos? Três questionamentos que pontuam nosso
presente, passado e futuro, respectivamente. O que acontece ou o que vai
acontecer depende dos frutos gerados pela planta que cada um semeou, aliado à
força de vontade com que cada um coloca na busca por seus objetivos. Mas e o
que já aconteceu? Como chegamos até esse momento? Por que estamos aqui?
O ramo da
ciência que estuda a história familiar é a genealogia. Em sua definição mais
abrangente, é chamada de “estudo do parentesco”, onde procura mostrar a origem,
evolução e disseminação de uma determinada família. Construir uma árvore
genealógica é um passatempo para muita gente, sendo que o sucesso do trabalho
de pesquisa depende muito do empenho do pesquisador, pois muitos são os
obstáculos, dentre eles a falta de informações dos próprios familiares, seja
por esquecimento ou má vontade, registros mal preservados, etc.
Como toda
pesquisa, é necessário usar um bordão simples e redundante: começar pelo
começo. Não adianta iniciar o trabalho querendo encontrar um ancestral que
viveu há 300 anos sendo que você não sabe o nome dos seus avôs. O primeiro
passo é consultar os familiares, principalmente os mais velhos, pois eles
pertencem a uma época em que a palavra família era muito mais valorizada do que
hoje em dia. Apesar de terem mais familiares do que os jovens atuais, pois a
média de filhos antigamente era, no mínimo, o dobro, eles parecem ter uma
memória mais afiada. Comprovei isso, pois muitos idosos me passaram uma grande
quantidade de nomes de tios e primos com seus respectivos cônjuges, sendo que
os jovens que entrevistei sequer sabiam a data de nascimento dos próprios pais.
Apesar de
macabro para muitos, a visita a cemitérios é essencial, pois fornece de uma só
vez a data de nascimento e falecimento, bem como uma fotografia da pessoa, na
maioria dos casos. Se for um imigrante, pode ter a sorte de ver a cidade natal
gravada na lápide.
Outra parte
fundamental da pesquisa genealógica é a consulta a registros de igreja e de
cartório. Nunca utilizei desse último, mas os registros de igreja já me
forneceram inúmeros dados. E não posso deixar de citar a internet, seja para
procurar familiares ou informações valiosíssimas em sites especializados.
Em menos de
dois anos, descobri os nomes e os dados de quase oitocentos antepassados (avôs,
bisavôs, trisavôs, tetravôs, etc.), das mais diversas ramificações da minha
família, sendo que três deles pertencem à décima quarta geração antes da minha,
nascidos no final do século XV ou início do século XVI. São mais de seiscentos
registros de batismo, casamento e óbito, sendo 95% oriundos da antiga região da
Boêmia, que pertenceu, entre outros, ao Império Sacro Romano-Germânico, Império
Austríaco e Império Austro-Húngaro e, atualmente, compõe o norte da República
Tcheca.
O prazer de
poder descobrir um nome, uma data ou uma cidade de um ancestral é
indescritível, destinado apenas àqueles que realmente se empenham na procura
por suas origens. Quem não valoriza o passado é por que não tem nada de bom
para lembrar. Se estamos aqui hoje é por que nossos antepassados se empenharam
em cuidar das famílias, dando condições para que as linhagens seguintes
pudessem manter as tradições. No caso dos europeus, a valorização deve ser maior
ainda, pois tiveram a coragem de cruzar o oceano com destino a um lugar
desconhecido, sem saber o que os aguardava, tendo que, na maioria das vezes,
abandonar um condição de vida que, a princípio, era melhor em sua terra natal.